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Weekly Note

Fraqueza nos mercados emergentes

Sensibilidade ao dólar é risco a monitorizar

Desde o início do ano é notória a fraqueza nalgumas economias emergentes, espelhada na evolução das suas moedas face ao dólar. O destaque vai para a valorização do dólar em 53% face ao peso argentino, de 7% sobre o real brasileiro e de 7% sobre a lira turca, acentuando assim o fraco desempenho destas moedas ao longo dos últimos anos. Se considerarmos os últimos 3 anos, o dólar valorizou- se face à generalidade das moedas dos países emergentes, com destaque para: peso argentino 276%, lira turca 88%, real brasileiro 27%, peso chileno 11% e rand sul-africano 10%.

Ao mesmo tempo, a economia americana continua a apresentar uma performance relativamente robusta, visível também na subida de 18% e 43% do índice S&P500, em dólares, desde o início do ano e nos últimos 3 anos respetivamente.

Neste contexto, têm surgido, na imprensa financeira, vários textos de opinião que atribuem a fraqueza dos mercados emergentes aos receios dos investidores quanto ao efeito que a continuada apreciação do dólar possa ainda exercer sobre a sua capacidade e respetivas condições de financiamento, em especial quando se analisa o seu stock de dívida denominado em dólares.

Em resposta à crise financeira de 2008, a Reserva Federal (Fed) levou a cabo um programa de Quantitative Easing (QE) acompanhado por uma redução substancial das taxas de juro de referência. Durante esse período e numa clara aposta linear e direcional na fraqueza do dólar, muitas entidades não-domésticas “aproveitaram a aparente oportunidade” para se financiarem na moeda norte americana. Segundo o gráfico abaixo, o crédito em dólares ao exterior passou de 9% do PIB mundial em 2008 para 14% no primeiro trimestre de 2018, equivalente a um aumento de 5,5 biliões de dólares. O crédito em euros e ienes ao exterior também registou uma subida no período, mas muito menos acentuada.

O crédito em dólares ao exterior aumentou 5,5 biliões de dólares entre 2008 e 2018
Fonte: PwC com base em dados BIS e Refinitiv

No caso dos países emergentes, as suas elevadas taxas de juro internas funcionaram como incentivo extra à procura de financiamento às “baixas” taxas americanas e junto de entidades não domésticas. É neste cenário que o reforço da apreciação do dólar poderá agravar ainda mais as dificuldades dos países emergentes, tanto mais quanto o seu grau de exposição a dívida emitida na moeda dos EUA. Esta desvalorização das moedas dos emergentes exigirá dessas economias um maior esforço financeiro para servir e reembolsar a dívida numa moeda que não podem imprimir. Os receios dos investidores face a esta situação, que se traduzem na “venda” das moedas emergentes contra o dólar, poderão gerar um novo ciclo vicioso que colocará a solvabilidade destes países cada vez mais em causa.

Importa assim perceber qual o verdadeiro impacto da apreciação do dólar na situação financeira dos mercados emergentes. No quadro abaixo, pode observar-se a exposição de cada país emergente a dívida denominada em dólares medida em percentagem do seu PIB. Os valores variam consoante o país, sendo de destacar como mais expostos o Chile, a Turquia e a Argentina e como menos sensíveis a China e a Índia. A situação na Turquia e na Argentina tem vindo a agravar-se levando os seus Bancos Centrais a subir as respetivas taxas de juro de referência em resposta às fortes depreciações cambiais das suas moedas e às inevitáveis fugas de capitais. No caso da Turquia, a situação agravou-se quando o governo norte-americano anunciou a duplicação das tarifas sobre as importações de alumínio e aço. No ano passado, a difícil situação Argentina levou o seu governo a solicitar ao FMI um empréstimo de 56 mil milhões de dólares.

A exposição a dívida denominada em dólares em percentagem do PIB varia consoante os mercados emergentes

* total USD credit extended by banks and purchases of debt securities by both banks and non-banks.
Fonte: PwC com base em dados BIS, FMI e Refinitiv

A Sixty Degrees considera que apesar da sensibilidade à subida do dólar variar consoante o mercado emergente em questão, trata-se de um tema a monitorizar cuidadosamente. Importa também realçar o possível risco de contágio, onde o cenário de fraqueza num determinado mercado emergente aumenta a desconfiança sobre a saúde dos restantes. Por fim, é também possível que, num contexto de taxas de juro negativas, os bancos europeus tenham vindo a aumentar a sua exposição a dívida de mercados emergentes como forma de melhorar os seus indicadores de rentabilidade. Esta situação parece ter sido provada, no inicio da crise Turca, com a  divulgação da exposição dos bancos espanhóis à dívida deste país, no valor de 5% do PIB espanhol. Caso esta tendência de investimento se mantenha a par da valorização generalizada do dólar norte americano, é expectável que num cenário de reestruturação de dívida ou default nos países emergentes, os bancos na Europa também possam vir a ser negativamente afetados, agravando assim a já difícil situação em que se encontram.

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