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Instabilidade social nas várias regiões do globo

Sixty Degrees resume alguns desses episódios acompanhando as situações mais sensíveis e passíveis de causar mais danos nos mercados financeiros.

Nos últimos anos, temos vindo a assistir a um aumento da instabilidade social e dos tumultos civis em várias zonas do globo. O ano de 2019 tem sido particularmente marcado pelos numerosos episódios de conflito social um pouco por todo lado. A tendência é generalizada a nível mundial, o que a torna ainda mais relevante.

No início do corrente mês, as ruas de França encheram-se de manifestantes para uma greve geral que gerou fortes paralisações dos transportes públicos e do principal porto de contentores. Na origem da contestação está a intenção do governo de Emmanuel Macron de reformar o sistema de pensões, prevendo a transformação dos atuais 42 subsistemas existentes num único, com regras iguais para todos os trabalhadores.

A política fiscal de Macron já tinha sido alvo de protestos violentos através do denominado movimento “coletes amarelos”, que iniciou as suas manifestações em outubro de 2018. Esses manifestantes reclamavam reduções nos impostos sobre os combustíveis, aumento do salário mínimo e medidas para melhorar a democracia representativa. O movimento dos “coletes amarelos” distingue-se dos demais, uma vez que não visa apenas uma determinada classe profissional e não está associado a nenhum partido ou sindicato.

No último ano, França foi palco das maiores manifestações dos últimos 10 anos
Fonte: Caixabank Research, base de dados GDELT

Também em Espanha se verificaram este tipo de conflitos, embora por outras razões. No passado mês de outubro, milhares de manifestantes defensores da independência da Catalunha ocuparam as ruas de Barcelona, exigindo a libertação imediata dos independentistas condenados pela sua atuação no referendo do dia 1 de outubro de 2017. O Supremo Tribunal espanhol condenou nove líderes do movimento independentista catalão a penas de prisão entre os nove e os treze anos.

O Oriente não foi exceção. Desde março deste ano que o centro de Hong Kong tem sido palco de protestos por parte de centenas de milhares de pessoas, culminando em confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes. Inicialmente, os protestos surgiram em resposta a um projeto-lei que facilitaria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China. Os receios de que a China usasse a nova lei de forma abusiva, nomeadamente extraditando quaisquer opositores políticos, motivaram os manifestantes. Os protestos têm continuado adquirindo um contorno cada vez mais abrangente e criticando a tentativa de aumento de influência política e económica por parte da China sobre Hong Kong.

Na América Latina, vários países têm sido palco de manifestações.

No Chile, a onda de protestos teve início em setembro passado, após o aumento da tarifa do metro de Santiago. A escalada de violência foi visível obrigando o governo a decretar estado de emergência durante quinze dias e a intervenção do exército pela primeira vez desde a ditadura de Pinochet. Os eventos da Cimeira do Fórum Cooperação Económica Ásia-Pacífico e Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, previstos para novembro e dezembro, tiveram de ser cancelados. A população reclamou sentir-se à margem do rumo de desenvolvimento das últimas décadas, naquele país que até então era visto como um caso de sucesso económico. De facto, o Chile atravessa agora a maior crise política e social desde o regresso da democracia em 1990.

Na Bolívia, a onda de forte violência no país obrigou o presidente, Evo Morales, a renunciar no dia 10 de novembro. Os manifestantes insurgiram-se contra uma suspeita de fraude nos resultados das eleições de outubro, que haviam concedido um quarto mandato a Morales.

No Haiti, as manifestações prolongaram-se durante vários meses deste ano e acentuaram-se em resultado da escassez de combustível sentida no país. Os protestantes exigiam a renúncia do presidente, Jovenel Moise, em funções desde fevereiro de 2017 e suspeito de envolvimento em casos de corrupção. A contestação abarcava ainda o aumento da inflação e a escassez de produtos básicos.

No Equador, assistimos a uma série de protestos e revoltas violentas durante o mês de outubro. Os manifestantes revoltaram-se, após ter sido anunciado o fim do subsídio aos combustíveis, uma medida integrada num pacote de austeridade negociado com o FMI.

No Perú, no passado mês de setembro o governo de Vizcarra dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições para janeiro de 2020. Os manifestantes pressionaram para tal acontecer, acusando a classe política de falta de credibilidade após o escândalo de corrupção da construtora Odebrecht.

A Venezuela atravessa uma fase difícil de recessão e inflação prolongada. Em janeiro, o líder da oposição, Juan Guaidó, autoproclamou-se presidente e mobilizou a oposição. No final de abril teve lugar uma tentativa de golpe de estado, mas sem sucesso. O país foi palco de confrontos violentos.

No Médio Oriente, também são vários os exemplos de instabilidade social.

No Líbano, em meados de outubro, milhares de pessoas manifestaram-se exigindo a queda do governo, tendo já o primeiro ministro Saad Hariri renunciado ao cargo. Os protestantes insurgiram-se contra a corrupção, a subida do custo de vida e a falta de emprego.

O Iraque, que nos últimos dois anos vinha a atravessar um período de acalmia, viu-se assolado por enormes manifestações desde o início de outubro passado. O primeiro-ministro viu-se obrigado a renunciar perante os protestos violentos contra o governo.

Por sua vez, o Irão está a ser palco de protestos violentos no corrente mês, após a imposição de um aumento de 50% no preço da gasolina e de racionamento no combustível. A ONU já manifestou a sua preocupação com a instabilidade vivida no país. Apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores de petróleo, o Irão tem um défice ao nível da sua capacidade de refinação. A reposição das sanções económicas dos EUA e as tensões crescentes no Golfo Pérsico têm provocado um recuo económico nos últimos meses, bem como uma desvalorização cambial e um surto na inflação.

No Egito, os cidadãos têm-se manifestado exigindo a renúncia do presidente Abdel Sisi, após a imposição de duras medidas de austeridade durante os últimos anos. Na origem dos protestos está também uma campanha online levada a cabo pelo empresário Mohammed Ali, que denuncia a corrupção do governo. O atual presidente tomou o poder em 2013 através de um golpe militar que depôs o primeiro presidente que havia sido eleito de forma democrática no Egito. Aquando da chegada ao poder, Abdel Sisi adotou uma lei que proíbe qualquer protesto ou manifestação no país.

A Líbia entrou em guerra civil desde dia 2 de abril deste ano. O conflito foi desencadeado pelo marechal Khalifa Haftar que lançou uma ofensiva para controlar a capital Tripoli contra o governo de acordo nacional, reconhecido pelas instâncias internacionais e com o apoio da ONU.

As manifestações violentas são o grau mais elevado de instabilidade social

Fonte: OCDE

Naturalmente que existem motivos específicos para cada caso de instabilidade social vivido nas várias regiões do globo. No entanto, parecem também existir algumas causas comuns para a insatisfação nos vários casos relatados.

Em geral, os cidadãos parecem sentir-se à margem dos benefícios decorrentes de um período de expansão económica continuada, assente numa taxa média de crescimento da economia mundial superior a 3% nos últimos dez anos. Em várias situações de protesto, tem sido posto em causa o funcionamento do modelo democrático. Os sistemas políticos parecem nem sempre veicular os princípios democráticos e as suas decisões muitas vezes não parecem ir no sentido de defender o bem-estar dos cidadãos, mas antes servir o perpetuar do seu próprio poder. A corrupção também é uma causa generalizada de revolta nos vários locais.

Os cidadãos insurgem-se contra os mais variados esquemas de corrupção e cedência a lobbies. Por outro lado, o atual descontentamento não parece obedecer a nenhuma divisão política clássica esquerda/direita, mas antes a uma oposição ao chamado “establishment”. Este sentimento também tem permitido a perda de votos dos partidos do centro e a ascensão nas urnas ou no poder de partidos ou movimentos políticos alternativos em várias geografias. A própria eleição de Donald Trump parece espelhar este sentimento.

Neste contexto, a Sixty Degrees considera que o aumento da instabilidade social poderá trazer volatilidade acrescida aos mercados, pelo que iremos acompanhar de perto as situações mais sensíveis e passíveis de causar mais danos nos mercados financeiros.

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