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Weekly Note

Indicadores económicos na Alemanha e em França

Evolução recente

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Na presente weekly note, faremos uma breve análise aos indicadores económicos mais recentes nas principais economias da Zona Euro, nomeadamente a Alemã e a Francesa. De forma complementar, tentaremos avaliar sinteticamente em que medida o anúncio de uma vacina, por parte da farmacêutica Pfizer, poderá afetar as previsões económicas para a Zona Euro.

Segundo dados preliminares, no terceiro trimestre do ano, o PIB na Alemanha avançou 8,2% em base trimestral, o que compara com uma queda de 9,7% no segundo trimestre. Numa base anual, o PIB diminuiu 4,1% no terceiro trimestre, o que compara com uma contração de 11,3%, no segundo trimestre do ano. Os números surpreenderam pela positiva as estimativas de consensus e refletem uma forte recuperação do consumo, investimento e exportações líquidas. No final do terceiro trimestre, o PIB estava 4% aquém do nível pré-vírus. Nesta fase, as expectativas direcionam-se para o quarto trimestre do ano, onde a imposição de novos confinamentos irá certamente prejudicar a atividade de serviços.

Na Alemanha, em novembro, o índice de expectativas ZEW diminuiu para 39,0 versus 56,1, em outubro. De salientar que o inquérito foi realizado antes das notícias de anúncio de vacina da Pfizer. Tal como se pode observar no gráfico abaixo, o índice de expectativas ZEW (mas também se pode observar no IFO) regista um abrandamento recente possivelmente refletindo a deterioração do outlook para o quarto trimestre.

Na Alemanha, o índice ZEW parece refletir uma deterioração do outlook
Fonte: Bloomberg

Em outubro, a taxa de desemprego alemã diminuiu para 6,2% versus 6,3% em setembro. Os pedidos de subsídio de desemprego diminuíram 35 mil, em outubro, após uma queda de 10 mil, no mês de setembro. A descida adicional de 0,1 pontos percentuais na taxa de desemprego, representa o prolongar de uma queda que ocorre desde o pico atingido no Verão. Apesar da tendência favorável, note-se que 3 milhões de trabalhadores permanecem ao abrigo do layoff, correspondendo a 7% do total do emprego.

Em outubro, a taxa de inflação na Alemanha manteve-se inalterada num valor negativo de -0,2% em base anual. A inflação da componente energética abrandou ligeiramente para -6,8% versus -7,1% em setembro, enquanto a inflação dos alimentos aumentou 0,8 pontos percentuais para 1,4%. A taxa de inflação Core diminuiu 0,1 pontos percentuais, para 0,1%. Nesta fase, é já percetível que a descida da inflação Core, nos últimos 6 meses, não se deve apenas à redução do IVA em junho, mas antes à pressão deflacionária causada pela contração do PIB no primeiro semestre do ano.

A inflação Core, na Alemanha, tem vindo a diminuir devido ao efeito deflacionário da pandemia
Fonte: Bloomberg

No terceiro trimestre, as vendas a retalho na Alemanha aumentaram 3,7%, em base trimestral, após um crescimento de 0,7%, no segundo trimestre. As vendas recuperaram fortemente após o levantamento dos confinamentos, no final do segundo trimestre. Em setembro, as vendas a retalho diminuíram 2,2%, em termos mensais, abaixo da estimativa de consensus de queda de 0,6%. Numa base anual ajustada, a taxa de crescimento caiu para 4,0%, em setembro, versus 7,0%, em agosto. Os dados refletem um abrandamento após uma recuperação inicial muito forte, sendo expectável uma normalização da tendência nos próximos meses.

Em setembro, as vendas a retalho, na Alemanha, registaram uma desaceleração (YoY)
Fonte: Bloomberg

No terceiro trimestre, a produção industrial na Alemanha parece não ter acompanhado a evolução das novas encomendas e, como tal, poderá perspetivar-se uma aceleração no quarto trimestre do ano. Em setembro, a produção industrial aumentou 1,6%, em base mensal, tendo a taxa de crescimento em base anual recuperado para -7,3% versus -9,6%, em agosto. O índice de novas encomendas às fábricas recuperou fortemente, em setembro, ao ponto de quase igualar o nível pré-pandemia, enquanto a produção industrial se manteve 10% aquém do nível pré-vírus, no final do terceiro trimestre. Aparentemente, as empresas têm recorrido aos stocks existentes para satisfazer a procura, o que é evidenciado pelos indicadores PMI, de outubro, que mostram precisamente uma queda nos stocks de produtos acabados.

Por seu lado e segundo dados preliminares, no terceiro trimestre do ano, o PIB francês avançou 18,3%, em base trimestral, o que compara com uma queda de 13,7%, no segundo trimestre. Numa base anual, o PIB diminuiu 4,3% no terceiro trimestre, o que compara com uma contração de 18,9%, no segundo trimestre do ano. O consumo cresceu 17,3%, em base trimestral, enquanto o investimento aumentou 23,2%, face ao trimestre anterior. O consumo de produtos manufaturados foi particularmente forte, aumentando 38,9%, em base trimestral, com as famílias a comprarem bens numa altura em que o consumo de serviços ainda era pouco desejável. Os gastos do governo também registaram uma subida de 15,1%, face ao trimestre anterior. No final do terceiro trimestre, o PIB estava 4% aquém do nível pré-vírus e também aqui as atenções estão direcionadas para o desempenho no quarto trimestre.

No último trimestre , o PIB françês terá avançado 18,3% (QoQ)
Fonte: Bloomberg

Em outubro, o índice de confiança do consumidor INSEE em França diminuiu para 94 versus 95, em setembro. O valor mostra assim alguma resiliência tendo em conta a recente imposição de novos confinamentos. De qualquer forma, as componentes de situação financeira das famílias e outlook para a economia como um todo registaram ambas quedas no mês, tendo o receio face ao desemprego também aumentado.

Em outubro, a taxa de inflação em França manteve-se inalterada em 0,0%, em base anual. A inflação da componente energética abrandou ligeiramente em 0,2 pontos percentuais, para -7,8%, enquanto a inflação alimentar avançou 0,6 pontos percentuais para 1,5%. A taxa de inflação Core diminuiu 0,2 pontos percentuais para 0,2%. O baixo valor da inflação Core reflete o efeito deflacionário da pandemia devido à forte contração do PIB no primeiro semestre, cujo impacto se reflete com lag temporal. Tendo em conta as medidas de confinamento recentemente anunciadas, será expectável uma continuação da descida da inflação Core nos próximos meses.

Em França, a inflação Core tem sido pressionada pelo efeito deflacionário da pandemia
Fonte: Bloomberg

Em setembro, a produção industrial, em França, avançou 1,4%, em termos mensais. Numa base anual, a taxa de crescimento subiu 0,4 pontos percentuais, para -6,4%. A recuperação continuou, no final do terceiro trimestre, impulsionada pelo desempenho na produção de equipamento de transporte. Em específico, o fabrico de aviões aumentou 27%, revertendo a queda de 17%, em agosto. Ainda assim, o output neste segmento permanecia 38% abaixo do nível pré-vírus. No total, no terceiro trimestre como um todo, a produção industrial cresceu 20,1%, em base trimestral, colocando o output total 5% abaixo do nível pré-vírus, no final de setembro. Tendo em conta que o confinamento recentemente anunciado afetará mais os serviços, é expectável que a recuperação da produção industrial continue, no quarto trimestre, embora a um ritmo mais lento.

No 3º trimestre, a produção industrial francesa recuperou 20,1%, em base trimestral
Fonte: Bloomberg

Na semana passada, a farmacêutica Pfizer veio anunciar que uma análise inicial, do seu ensaio clínico da vacina contra o Covid-19, sugere uma eficácia de 90% na prevenção da doença. Sem dúvida de que se tratam de notícias positivas para a economia da Zona Euro, ainda que possam ser algo prematuras. Aparentemente, a UE já terá assegurado a encomenda de uma elevada quantidade de unidades desta vacina. Nos próximos tempos, será importante monitorizar a informação adicional que possa surgir, nomeadamente em termos de efeitos colaterais, duração de imunidade e timings de produção e distribuição. Naturalmente que o roll-out da vacina terá alguma demora, podendo desenrolar-se ao longo de 2021. Nesse caso, é expectável que mesmo neste cenário os governos prolonguem as restrições de distanciamento social atualmente em vigor.

Até ao surgimento destas notícias, as previsões económicas para a Zona Euro assentavam num cenário de introdução intermitente de confinamentos por forma a conter o vírus, mesmo assumindo uma evolução favorável nos tratamentos da doença. A maioria das estimativas apontava para a recuperação total da economia da Zona Euro para o seu nível pré-vírus, apenas em 2022 ou 2023.

Parece razoável esperar que, após o anúncio da Pfizer, os analistas venham a reconsiderar as suas previsões mais pessimistas para a economia europeia. Atualmente, algumas estimativas já incorporam uma recuperação para o nível pré-vírus, em meados de 2021. Outras análises passaram a incorporar um cenário adicional onde a vacina da Pfizer é ministrada aos grupos de risco, no primeiro trimestre, e a toda a população, nos restantes trimestres do próximo ano, o que originaria uma recuperação económica europeia mais robusta (superior a 6%) do que o estimado anteriormente.

De salientar ainda que, no caso de uma vacina vir a revelar-se um sucesso no combate ao vírus, é preciso considerar a hipótese de algumas revisões nas políticas monetária e fiscal. Instrumentos extraordinários como os esquemas de layoff, o programa de compras de ativos PEPP e/ou a emissão de dívida conjunta por parte da Comissão Europeia poderão ser colocados em questão, por deixarem de ser necessários no auxilio às economias. Os mercados deverão estar atentos a quaisquer alterações neste campo e a reação poderá ser contrária à que registaram com o inicio destas medidas.

Em suma, o terceiro trimestre do ano ficou marcado por uma recuperação económica generalizada na Alemanha e em França mas a recente imposição de novos confinamentos provoca uma deterioração do outlook económico para o quarto trimestre. O anúncio da Pfizer é sem dúvida uma boa notícia para a economia da Zona Euro, pelo que monitorizaremos de perto toda a informação adicional que possa surgir sobre este tema, no sentido em que possa melhorar as perspetivas económicas dos próximos anos.

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