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Weekly Note

FMI – World Economic Outlook

Sixty Degrees sintetiza últimas projeções do FMI

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No mês passado, o FMI publicou a sua mais recente atualização do WEO – World Economic Outlook, onde divulga as suas atuais projeções para o crescimento económico e inflação a nível global.

O FMI começa por constatar que, desde a publicação das suas anteriores estimativas em outubro, alguns desenvolvimentos adversos trouxeram a economia global para uma posição mais fragilizada. Em primeiro lugar, no final de 2021, a rápida propagação da variante Omicron levou à reintrodução de restrições à mobilidade em vários países e a uma maior volatilidade nos mercados financeiros. No quarto trimestre do ano passado, as disrupções ao nível das cadeias de abastecimento permaneceram agudas, prejudicando a manufatura global, especialmente na Europa e nos EUA. A inflação revelou-se mais elevada e persistente do que o anteriormente previsto, com especial enfoque na evolução dos preços nos EUA e nalguns mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Na China, na segunda metade de 2021, as disrupções causadas pelos surtos de Covid, as interrupções da produção industrial devido à falta de eletricidade, bem como a contração em curso no setor imobiliário contribuíram para um abrandamento mais forte do que o esperado.

Uma nota especial para a inflação que continuou a subir no segundo semestre de 2021, impulsionada por diversos fatores, que assumiram um peso variável consoante as regiões em questão.

Em 2021, a inflação disparou impulsionada por diversos fatores

Fonte: FMI

Na Europa, a subida da inflação foi maioritariamente explicada pela subida dos custos da energia. Já a subida dos preços dos alimentos foi a principal causa de inflação na África Subsariana. Nos EUA, destaque para as disrupções das cadeias de abastecimento e maior procura por bens versus serviços. Por seu lado, na América Latina, os preços superiores dos produtos importados contribuíram para o disparo da inflação.

O FMI estima que, após uma expansão de 5,9% em 2021, o crescimento económico mundial deverá abrandar para 4,4% e 3,8% em 2022 e 2023, respetivamente. Por comparação com as anteriores estimativas de outubro, a projeção para 2022 foi revista em baixa em 0,5pp, enquanto a projeção para 2023 aumentou em 0,2pp. Entre 2022-2023, o crescimento económico global deverá ficar 0,3pp abaixo do anteriormente projetado.

No que respeita à pandemia, o cenário central agora divulgado assume que, na maioria dos países, os níveis de hospitalizações e mortalidade baixam para valores reduzidos até final de 2022. As taxas de vacinação deverão continuar a progredir, o acesso a tratamentos será mais generalizado e a proteção proveniente de vacinas e terapias deverá revelar-se eficaz no combate à variante Omicron e a quaisquer outras variantes que possam surgir. 

O cenário central também tem em conta os impactos da propagação da variante Omicron, em termos de saúde e restrições à mobilidade. Tais impactos variam consoante a região dependendo da vulnerabilidade da população, do grau de restrições à mobilidade impostas, do prejuízo do nível de infeções sobre a oferta de trabalho, bem como importância dos setores com maior contacto físico. Estes efeitos deverão afetar sobretudo o crescimento económico no primeiro trimestre de 2022, podendo começar a desvanecer-se no segundo trimestre deste ano, assumindo um abrandamento nas infeções Omicron e a ausência de novas variantes.

No grupo das economias avançadas, o FMI reviu em baixa, de 0,6pp, a sua previsão para o crescimento económico de 2022, que deverá situar-se em 3,9%. Destaque para o downgrade da evolução económica americana em 2022 em 1,2pp, para 4,0%, devido à remoção dos possíveis efeitos do pacote de estímulos Build Back Better, ao maior aperto da política monetária e às disrupções nas cadeias de abastecimento. Já para o Canadá a revisão em baixa foi de 0,8pp, para 4,1%, em virtude da maior fraqueza nos dados económicos de final de 2021 e das perspetivas mais frágeis para a procura externa, relacionadas também com o downgrade dos EUA. A previsão de crescimento económico da Zona Euro, para 2022, foi revista em baixa em 0,4pp, para 3,9%, motivado pela redução no crescimento da economia alemã, em 0,8pp, resultado da maior exposição deste país aos bloqueios nas cadeias de abastecimento. No início de 2022, a evolução económica da Zona Euro estará também condicionada pelas restrições de mobilidade impostas no final de 2021. Já o crescimento no Reino Unido, para o corrente ano, foi revisto em baixa de 0,3pp, para 4,7%, devido aos efeitos da Omicron.

Já no grupo dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o FMI reviu em baixa a sua previsão para o seu crescimento económico em 2022, em cerca de 0,3pp, passando a situar-se nos 4,8%. Destaque para a revisão em baixa da evolução económica na China para 4,8% (-0,8pp), com a disrupção no setor residencial a despoletar um abrandamento mais generalizado. A estratégia “Covid Zero” deverá implicar a permanência de restrições à mobilidade, o que aliado à deterioração do emprego no setor da construção, fará com que o consumo privado evolua abaixo do esperado. O outlook para o Brasil também sofreu uma revisão em baixa de 1,2pp, para 0,3%, principalmente devido à necessidade de maior aperto de política monetária em resposta ao disparo da inflação. A estimativa de crescimento económico para o México em 2022 também foi revista em baixa em 1,2pp, para 2,8%, devido ao aperto monetário e ao efeito negativo do downgrade da estimativa para os EUA, ao nível das perspetivas para a procura externa. Já a previsão para a África do Sul também sofreu um downgrade de 0,3pp, para 1,9%, em função da maior fraqueza registada no segundo semestre de 2021 e da deterioração do outlook para o investimento resultado do baixo nível de confiança das empresas.

FMI – Projeções económicas (World Economic Outlook)

Fonte: FMI

Tal como já referido, o FMI reviu em alta a estimativa de crescimento económico mundial para 2023 em cerca de 0,2pp para 3,8%. No entanto, esta revisão decorre essencialmente da hipótese de que os choques negativos, esperados para 2022, acabarão por se dissipar possibilitando um crescimento ligeiramente mais rápido no próximo ano. De salientar, a revisão em alta de 0,4pp, para 1,8%, para o crescimento económico do Japão devido às perspetivas de melhoria da procura externa e à continuação dos estímulos fiscais. No que respeita à Índia, o FMI reviu em alta a sua estimativa de evolução económica para 2023 (+0,5pp, para 7,1%) devido à melhoria de perspetivas para a evolução do crédito e consequentemente do investimento e do consumo. 

Relativamente à inflação, o FMI admite que deveremos continuar a registar níveis elevados, que deverão persistir mais tempo do que o antevisto no WEO de outubro passado. As atuais disrupções nas cadeias de abastecimento e os elevados preços da energia deverão manter-se ao longo deste ano. Em concreto, o FMI estima que em 2022 a inflação iguale uma média de 3,9% nas economias avançadas e 5,9% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Porém, em 2023 a inflação deverá registar um abrandamento significativo, assumindo que as expectativas de inflação de médio prazo permanecem bem ancoradas, as disrupções ao nível das cadeias de oferta melhoram, que o aperto de política monetária faz o seu papel e que haverá alguma transferência da procura de bens para serviços. A evolução dos preços dos combustíveis também poderá sofrer alguma moderação em 2022-2023, ajudando a conter a inflação.

Apesar do emprego e da participação da força laboral terem, nalguns casos, regressado aos níveis pré-pandemia, existem muitos países onde o crescimento nominal dos salários permanece contido. No entanto, tal não é o caso dos EUA, onde a forte queda do desemprego foi de facto acompanhada por um acentuado crescimento nominal dos salários. Em consequência, a Reserva Federal anunciou que irá proceder à redução das suas compras de ativos a um ritmo mais acelerado, sinalizando também a possibilidade das taxas de juro de referência virem a subir presumivelmente para 0,75%-1,00% até ao final de 2022.

Apesar da queda do desemprego, muitos países ainda registam um suave crescimento nominal dos salários (ex-EUA)

Fonte: FMI

Porém, o FMI reconhece que o seu cenário central se encontra envolto em inúmeros riscos que poderão levar a desvios significativos nas suas previsões. Em primeiro lugar, o Fundo faz referência ao risco relacionado com a evolução da própria pandemia. Apesar do progresso da vacinação na maioria das economias avançadas, a morosidade da mesma em vários mercados emergentes e economias em desenvolvimento parece comprometer a recuperação económica. As baixas taxas de vacinação em muitos países ainda deixam em aberto o risco de surgimento de novas variantes, passíveis de contornar as vacinas e de obrigar à introdução de restrições à mobilidade.

A maior lentidão no processo de vacinação tem comprometido o ritmo de recuperação económica dalguns países

Fonte: FMI

Um segundo risco prende-se com os efeitos globais que poderão advir do aperto da política monetária norte-americana. O cenário central pressupõe que a Reserva Federal termina as suas compras de ativos em março deste ano e efetua três subidas de taxas de juro em 2022 e em 2023. No entanto, a inflação pode revelar-se mais elevada ou persistente do que o esperado, obrigando a uma atuação de política mais agressiva. Nesse caso, existe o risco de reações mais abruptas nos mercados financeiros internacionais, potenciando um movimento de fuga para a qualidade e aumento de spreads de crédito, com especial impacto negativo nos câmbios, empresas e finanças públicas dos mercados emergentes.

De referir também, o risco de prolongamento para além do esperado das disrupções nas cadeias de abastecimento. Segundo análise do FMI, em 2021, os bloqueios ao nível da oferta prejudicaram o crescimento económico mundial em cerca de 0,5-1,0pp e adicionaram 1,0pp à inflação Core global. O cenário central assume que os desequilíbrios entre oferta e procura deverão diminuir ao longo de 2022. No entanto, existe o risco de uma persistência mais prolongada no tempo que se traduzirá em maiores expectativas inflacionistas.

Os bloqueios das cadeias de abastecimento prejudicaram o crescimento económico mundial em 0,5-1,0pp e acresceram 1,0pp à inflação core global

De salientar também o risco de sobreaquecimento nalguns mercados globais que faça disparar os salários e provoque inflação mais persistente. O cenário central assume que as expectativas de inflação permanecem bem ancoradas e que a inflação global deverá diminuir em 2023. No entanto, existe o risco de que o elevado custo de vida e o sobreaquecimento do mercado laboral, obrigue os trabalhadores a exigirem salários superiores. O consequente aumento dos custos laborais, por sua vez, poderá fazer disparar ainda mais os preços, perpetuando uma espiral inflacionista que obrigue a atuação de política mais agressiva. Este risco parece particularmente mais premente nos EUA.

Finalmente, um abrandamento mais forte do que o esperado no setor imobiliário chinês poderá ter um efeito prejudicial no crescimento global. O cenário central assume uma moderação algo significativa no crescimento do investimento imobiliário na China, em 2022, devido à continuação das políticas restritivas implementadas com o objetivo de controlar os riscos decorrentes da elevada alavancagem de alguns promotores. No entanto, se o segmento imobiliário sofrer uma travagem mais acentuada com contágio para o setor financeiro, poderemos vir a assistir à redução do crédito em geral. Tal situação teria impactos negativos ao nível do investimento e do consumo, comprometendo o crescimento económico do país como um todo.

Em suma, o FMI constata que, desde outubro do ano passado, a economia global entrou numa fase mais fragilizada que levou à revisão em baixa de 0,5pp da projeção para o corrente ano, que se situa agora em 4,4%. Já para 2023, a previsão de crescimento melhorou para os 3,8%. Por um lado, o grupo das economias avançadas viu reduzida, em 0,6pp, a sua previsão para o crescimento económico de 2022 (para 3,9%), com destaque para o downgrade de 1,2pp da economia norte-americana. No grupo dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o FMI reduziu 0,3pp à sua anterior previsão de crescimento económico em 2022, que passou a ser de 4,8%, muito pelo efeito do downgrade de 0,8pp na economia chinesa. No que se refere à inflação, o FMI admite maior persistência do que o previsto anteriormente, estimando que, em 2022, a inflação atinja uma média de 3,9% e de 5,9% nas economias avançadas e nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, respetivamente. Já para 2023, é expectável que sejam criadas as condições para que o nível geral de preços venha a recuar, assumindo que as expectativas de inflação de médio prazo permanecem bem ancoradas, que as disrupções ao nível das cadeias de abastecimento não se deterioram, que a política monetária menos expansionista tem resultados positivos e que haja alguma transferência de procura entre bens e serviços. Finalmente, o FMI admite a possibilidade da conjugação de inúmeros fatores de risco relevantes, como a evolução da própria pandemia, os efeitos a nível global provenientes do aperto de política monetária nos EUA, o eventual prolongamento das disrupções nas cadeias de abastecimento e o sobreaquecimento nalguns mercados laborais.

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